se tivesse evitado o contacto visual tinha-me poupado às lágrimas. se me tivesse afastado a tempo, teria passado tão despercebida como as flores mortas numa campa abandonada. estive mesmo para o fazer. estive para nem sequer aparecer, só de pensar na possibilidade do contacto visual. a vida, com toda a sucessão de "ses" que não se cumpriram como desejado, por mim, obrigou-me a ser uma mulher crescida, lavada em lágrimas, fraca por dentro mas forte por fora. dentro daquele abraço senti o corpo de uma senhora forte e constantemente alegre, fraquejar pelo peso da perda que sofrera. não sei bem como me aguentei em pé, confesso. abraçou-me como se a perda tivesse sido minha, ou mais minha, do que dela. e ainda tenho a ecoar em mim, as únicas palavras que repetiu durante a pequena eternidade daquele abraço, "oh minha querida Sarinha!". vezes e vezes sem conta. e eu que lhe dei tão pouco e me afastei com medo de chorar.
eu escrevo sobre pessoas e às vezes sobre mim, em forma de textos eloquentes ou pensamentos desorganizados.