Como se não te fizesse diferença, passas. Passas ao lado!
Ao meu lado!
Ainda olhas de esguelha, sem que ninguém veja que quase olhaste,
ou que tiveste intenção de "olhar".
Sentes pena. Pena?
No fundo, quiseste parar, mas os gestos indetectáveis das pessoas
que, como tu, circulam sem olhar, não te deixaram faze-lo.
Foste tu, não foram eles.
Apenas fizeste o que o teu cérebro mandou,
e o coração ficou calado, ignorado!
Como muitas vezes fica!
A tua indeferença sobressaltou-me o coração. Agora tenho eu pena de ti.
Não sou um sem-abrigo, nem sou diferente de ti apenas por estar deitado num banco de rua.
...
Mas a tua indiferença marcou para sempre a minha existência!
Foto: Marta Victorino "5 vidas"
in Olhares
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