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Demónio das Línguas Enfeitiçadas - Tiago Silva

Sangue do meu Sangue... adoro-te Mano!
As tuas palavras ficaram eternamente gravadas na minha fita de finalista e nas histórias, dias e rumos que a tua existência traça na minha!
 
"[Para a minha Maninha]

Um história não são histórias / e a pena que escreve as linhas da vida
não passa duas vezes no mesmo sitio. /Ora flui, espirrando de entusiasmo,
ora estaca hesitante, / Ora risca e rabisca furiosa,
mas não há frase que dela nasça / que não deixe a sua marca indelével no papel.

Um dia não são dias... / E o sol que regressa hoje
da misteriosa viagem da noite / não é o mesmo que viste afogar, ontem, na bruma das ondas.
Entretanto encontrou as estrelas no caminho / e com elas criou laços, / e com elas dividiu o coração.
Por isso hoje regressa tímido, / escondido pelas nuvens, / amanhã regressa choroso,
perseguido pelos ventos / mas algo o faz regressar sempre!
É a esperança do dia transparente e luminoso / do toque perfumado da brisa do sul,
do canto das aves que fala da terra.

Um rumo não são rumos / E o peregrino que estaca na encruzilhada
leva na mochila o peso das escolhas. / Recorda, com olhar de brilho,
as pegadas que o perseguem; / comtempla, sonhador,
o horizonte esfumado de distância, / e, no ardor da vida agarrada com as duas mãos
esculpidas pela vara que seguram, / responde sim à voz da dura calçada / que o chama.

Oh histórias que me contam! Oh dias que me acordam! Oh rumos que me amarram!
Calai vossos gritos, que a minha irmã já não sabe se é um homem que fala
ou um demónio das línguas enfeitiçadas.
Seja quem for que grita,  minha alma só para ti deseja, que toda feliz seja tua alma,
sangue do meu sangue!
E no silêncio das histórias por contar,  e no breu dos dias por nascer, e no suor dos rumos por abrir,
estejam tantas migalhas de felicidade, quantas sardas tens no rosto."

Tiago Silva

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