Apesar de, num qualquer dia normal do calendário, me virem vestida de sorriso nos lábios, eu sou das que chora desalmadamente, sem conseguir controlar as lágrimas, por todo o sofrimento ou amor implícito, escrito em livros, produzido em filmes ou nas histórias das pessoas que me são mais próximas e que sofreram tanto a guerra que outros declararam. Não há forma de as controlar, sou esta extrema sensibilidade de quem sente sempre demasiado. Ao ler "Os filhos da liberdade" de Marc Levy, as lágrimas são mais salgadas porque me vêem à memória as histórias das minhas avós (e todas as outras pessoas, na altura) na sua luta pela sobrevivência durante a guerra, das filas para o azeite e para o pão, da sardinha dividida por todos os filhos, cada uma num ambiente diferente e tão igualmente injusto. As lágrimas secam na pele da cara, enquanto escrevo este texto. E hoje eu até tenho o direito (e mais alimentos em cima da mesa) de dizer que não gosto de sardinhas, só porque é muito chato tirar as espinhas!
"Terás então de lhes pedir uma coisa da minha parte, dizer-lhes que isso representava muito para mim. É um pouco como se cumprissem uma promessa que o pai deles tivesse feito num passado que já não existe. Porque esse passado de guerra já não existirá, vais ver. Dir-lhes-ás que contem a nossa história no seu mundo livre. Que nos batemos por eles."
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