Há dias em que estou mais na maré vaza - desanimada. perdida. sem forças. vazia. Hoje é um dos dias. Talvez por ter verbalizado as minhas preocupações: o nada que aconteceu nesta semana (in)útil que acabou. Tenho notado que, quando a realidade é aceite não parece tão dramática/crítica quanto quando é verbalizada. As palavras com que tecemos as nossas tristezas derrubam-nos mais do que as próprias tristezas. É triste, mas é verdade. E há sextas-feiras que nos derrubam, não bastasse a ventania que faz lá fora. Não sou pessoa de desanimar. Hoje cedi. Há dias assim.
Tive palavras para dar um pouquinho de alegria aos outros, mas não encontrei pensamentos para me fazer sorrir. Hoje não. Procurei na música, procurei na leitura. procurei nos sítios errados, possivelmente, porque não encontrei. Acho que nem sei bem onde procurar. Apenas sei que preciso de mudar. Não me sinto bem assim. Este espaço não é meu. Esta liberdade não é minha. Todo este tempo por ocupar não é meu, porque eu quero criar, trabalhar. Costumo ser uma pessoa de sorriso no rosto, para esconder as inseguranças que me assombram as células; as minhas palavras para os outros são sempre de confiança, coragem e optimismo. Como é que se fala de esperança com desânimo nos olhos!? Possivelmente passa despercebido aos olhares mais superficiais. Também me faz falta esse olhar mais profundo. A ausência ultrapassa-se, a necessidade permanece. Há dias assim...

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