Nasceste de um pouco de esperança que se fez amor e se
reconstrói em cada abraço.
O pouco cresceu, fez-se muito e a criança-princesa
larga a mão.
A esperança, para ela e para nós, vem agora acompanhada de muita
saudade, principalmente do tempo que criou memórias que, apesar de permanecerem,
soam tão distantes quanto os anos que as fizeram passar … o balão voou até às estrelas,
mas com elas criou a constelação mais brilhante de todas as constelações, de
todas galáxias, de todo o escuro de céu e espaço.
A criança-princesa sorri ao
olhar para tal espetáculo cintilante e solta a maior gargalhada de todas as
gargalhadas, para que a alegria transbordasse do seu corpo e fosse um bocadinho
de alegria para todos. Nesse bocadinho de alegria que lhe fugiu, a criança ganhou
sem perder e percebeu-se, então, adulta. A vida ganhou outra forma, repara,
agora é tudo maior em proporção, mais redondo talvez, de condicionantes e
razão. Agora é preciso correr, não porque queira, mas porque lhe exigem, e as
exigências dos outros são dotadas, muitas vezes, de nada… tantos nadas que, a
uma certa altura da sua vida adulta sentiu a necessidade de largar, novamente e
… partiu, um pouco sem destino, mas certa de que regressaria. Por enquanto
avança, entre planaltos e vales, através de riachos, de rocha em rocha. O
declive aumenta, mas, da mesma forma que desce, também dá por si a subir. A
montanha é íngreme, mas o cansaço dá lugar ao deslumbre. A aragem corre lada a
lado com a tranquilidade e o vento é já o maestro da natureza à sua volta. Em
notas soltas, a melodia vem do horizonte. Talvez as ondas do mar queiram fazer
parte do encanto e coincidir o seu canto com o chilrear do rouxinol, que em voo
plano devolve a beleza ao horizonte. A norte, as nuvens deslizam no céu e com
pés de algodão, abrem caminho para o baile celestial. O seu corpo adulto
balança, a fazer par com o alto dos pinheiros e rodopia, rodopia sem parar até
estontear e, sem força, deixar que o cume da montanha absorva o seu corpo.
Deitada, entre papoilas e outras flores selvagens, o seu olhar prende-se no cosmos.
Há algo de familiar na composição das estrelas. Lá está ela, a constelação mais
brilhante de todas as constelações, de todas galáxias, de todo o escuro de céu
e espaço. Terá ali estado todas as noites e ela nem lhe dera pela presença!?
Naquela noite reparara e vira também um sol vermelho de gratidão dar lugar à
lua, iluminando-a. O rouxinol descansa o cantar e acorda agora a coruja
sentinela, aquela que conta por mim todas as saudades guardadas no balão que se
fez esperança, uma vez mais, nesta fita de história… a tua história, priminha
do meu coração, criança-princesa do balão do João!
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